“Os Experimentos em Animais ATRASAM o progresso da ciência”.

abril 20, 2010

Cadernos Sustentáveis e feitos a mão – Entrevista Corrupiola





Navegando pela internet encontrei a Corrupiola , uma empresa que produz caderninhos super bacanas e que possue uma proposta de negócio bem interessante. Toda a produção dos caderninhos é feito manualmente e vários modelos empregam materiais sustentáveis.
O modelo que mais gostei foi o Dos-à-dos Fibra de Bananeira que é feito com com papel artesanal ecologicamente correto e com a  capa  feita de fibra de bananeira.
Gostei tanto que bati um papo com os sócios Leila e Aleph que me contaram tudo sobre a empresa , leia abaixo:
1) Ola amigos, o que é a Corrupiola?
A Corrupiola é  o resultado das experiências e dos trabalhos crafts de Leila Lampe (artista, designer gráfica, crafiteira e amante de gatos) e Aleph Ozuas (escritor, webdesigner, crafiteiro e amante de gatos), ambos ancorados em São José, a 7 km de Florianópolis, Santa Catarina. A Corrupiola surgiu do nosso desejo de vender um produto próprio, trabalhando em casa e controlando nosso próprio tempo. Em dezembro de 2008 lançamos nossa primeira coleção de cadernos num Bazar craft em Florianópolis e logo em seguida montamos uma loja virtual no blog. Depois disso, a Corrupiola está acontecendo e estamos sempre lançando novidades
2) Que tipo de produtos vocês vendem?
O Corrupio clássico é o nosso principal produto. Corrupios são pequenos cadernos exclusivos e costurados manualmente, geralmente no formato 9×14cm, com papéis refinados  como Canson, Fabriano e  Color Plus 240gr nas capas, e com miolo de 64 páginas em papel pólen 80gr.
Para nós, a Corrupiola está apenas engatinhando. Lançaremos em breve cadernos com outros formatos e pretendemos criar outros produtos em papelaria, sempre utilizando o processo manual. Em dezembro montamos um atelier, que para nós foi um grande passo, pois utilizávamos nosso apartamento como local de trabalho. Integramos o processo de serigrafia e tipografia aos nossos cadernos e buscamos sempre renovar as antigas tecnologias, como por exemplo, uma máquina de tricot que pertencia à mãe de Leila e estava prestes a ir para o lixo. Ano passado resgatamos a máquina, pesquisamos quem pudesse restaurá-la e fomos a Blumenau fazer um curso para aprender a manuseá-la. O interessante é que por ela ser antiga (fabricada em 1970), parece ser mais difícil de manuseá-la e estamos tentando utilizá-la de forma criativa mesmo com todas as suas limitações por ser bem ultrapassada. Foi uma situação inusitada, pois a professora não queria nos ensinar a tricotar numa máquina tão antiga e tentava nos convencer a comprar uma máquina mais nova, mas com muita insistência e resistência, completamos todo o aprendizado e nosso objetivo.
3) De onde veio o nome Corrupios?
Corrupio em português significa brincadeira. Mas “Corrupiola” é uma palavra inventada pelo Aleph. Então, Corrupiola pode ser divertimento, ou fazer brincadeiras ou o que for relacionado!!



4) Achei bem interessante o processo de fabricação manual dos Corrupios, conte-nos mais.
O processo de fabricação da Corrupiola não é industrial, não terceirizado (exceto a faca da caixa para Corrupio Clássico e as matrizes para serigrafia e tipografia) e não utiliza mão-de-obra barata. Todos os nossos produtos são cuidadosamente feitos à mão, uma unidade por vez, garantindo o máximo de qualidade e personalização.
O papel é  um material 100% reciclável, a não ser quando é plastificado ou coberto com outro substrato que interfira e dificulte o processo de reciclagem, mas dificilmente nosso trabalho poderá ser 100% sustentável, pois teríamos que acompanhar todo o processo, desde a extração da matéria prima, por isso procuramos nos ater principalmente ao final do ciclo e a disposição das aparas. Estamos sempre pesquisando novos materiais e aprimorando as etapas do nosso processo de fabricação para obter o menor impacto possível no meio ambiente. Em nossa busca, pesquisando na internet e conversando com nossos fornecedores, descobrimos que os papéis vendidos como 100% reciclados utilizam apenas 25% de aparas pós-consumo. Por isso, além do marketing gerado pelo “100% reciclado” são necessários cuidados adicionais, pois mesmo utilizando esses papéis é importante gerar o mínimo possível de aparas, e assim não deturpar o selo de “ecologicamente correto”.
Dentro da nossa pequena produção, podemos nos preocupar com todos esses detalhes relativos ao aproveitamento de materiais, mas sabemos que em uma produção em escala industrial o processo se complica, mas com boas iniciativas tudo é possível.



5) Existe algum Corrupio produzido com matéria prima sustentáveis?
Nossos cadernos são costurados com papel pólen – offwhite e acidfree – um papel amarelado que leva menos banhos ácidos do que o papel branco durante sua fabricação. É um papel largamente utilizado no mercado editorial. A cada coleção buscamos utilizar novos materiais verdes em nossas peças, como o papel Kraft nas capas. Nosso mais novo produto, o Corrupio Dos-à-Dos com folha de bananeira (http://corrupiola.com.br/dos-a-dos/3583/dos-a-dos-fibra-de-bananeira.html) tem capas  com 100% de fibra de bananeira, produzidos artesanalmente. Na fabricação deste papel utiliza-se 70% de água e 30% de pasta da fibra da bananeira. A água é tratada após a utilização e devolvida para a natureza sem nenhuma adição de ácidos, ou seja, este processo não afeta o lençol freático. Todo este processo é feito por uma artista no Estado de Goiás.
Procuramos também somar nossas próprias ações ao nosso produto, que vão desde a procedência de nossa matéria prima, escolha de fornecedores que estão perto de nós, até o envio das encomendas, indo a pé ou bicicleta ao posto dos Correios, andando de ônibus e aproveitando quase 100% dos materiais que adquirimos para produzir nossos cadernos. Das sobras dos papéis criamos cartões, embalagens, cintas e caixas. Este box, por exemplo (http://corrupiola.com.br/promocao/3807/box-corrupiola.html) foi feito a partir de caixas coletadas em nosso próprio prédio. Além disso, pegamos também aparas de diversos papeis em algumas gráficas que conhecemos.
Também produzimos pequenas tiragens de nossos materiais e recusamos qualquer oferta de produção em massa. Já o nosso lixo produzido no processo de serigrafia é todo separado e por enquanto é o máximo que podemos fazer, já que o Brasil ainda não possui tintas ecológicas como à base de soja, que são empregadas nos EUA e Europa. Mas, mesmo esta tinta à base de soja também é muito questionável pela forma como é plantada, destruindo campos verdes para levantar plantações transgênicas.
Sabemos que nossas ações são pequenas diante de todo o lixo que é produzido no planeta, mas procuramos fazer o nosso melhor. Acreditamos que a atividade Craft no Brasil ainda é pouco conhecida e tende a avançar cada vez mais entre o público. Craft não é somente compra e venda de produtos artesanais, é também uma filosofia de vida, tanto do criador como do comprador/consumidor. Somente com boa imaginação é possível sobreviver no mundo em que vivemos hoje, onde o tempo parece não mais nos pertencer, pois é disputado e negociado pela atenção das grandes e despersonalizadas corporações. Precisamos da inovação para alcançar o equilíbrio e redescobrir nosso papel em um planeta sustentável.



6) Vocês participam da Comunidade Craft, qual é a ideologia deste movimento?
A comunidade Craft é um movimento que abraça artistas, designers, arquitetos, ilustradores, fotógrafos, film-makers dentre outras profissões. O Craft une o know-how da profissão do criador com suas habilidades manuais para criar beleza e originalidade em cada peça. Os participantes dessa comunidade compartilham idéias e incentivo através de websites, blogs, lojas, galerias e feiras. Juntos, eles forjam uma nova economia e estilo de vida baseado no respeito, criatividade, determinação e trabalho em rede.
Simultaneamente a forma como se trabalha com o Craft é uma maneira de minimizar o nosso impacto sobre o planeta. É um equilíbrio entre formas de reciclagem, redução, reutilização e, ao mesmo tempo, a criação de um produto original. O Craft está sempre se reinventando e não há a reprodução em massa. É um movimento interessado em humanizar o consumo, prezando pela autoria do produto. O comprador craft sabe quem fez o produto, confia na origem da matéria prima e preza pela exclusividade e originalidade da peça adquirida. É um mercado emergente, na contramão da produção em massa e contra a exploração da mão-de-obra.
7) Como posso comprar o meu Corrupio?
Pelo site www.corrupiola.com.br/shop, nos locais de revenda da Corrupiola ou em eventos dos quais participamos, como feiras e bazares.
8 ) Muito obrigado pela entrevista e parabéns pelo trabalho.
Parabéns pelo Coletivo Verde que contribui para um mundo melhor! Agradecemos pela oportunidade de contar aqui um pouco mais sobre nosso trabalho. E se o leitor tiver dúvidas e mais perguntas sobre nosso trabalho, há um canal direto para perguntas com o público em nosso site e também o contato por email. Abraços verdes

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