“Os Experimentos em Animais ATRASAM o progresso da ciência”.

junho 06, 2010

Dia Mundial contra o Especismo: 5 de Junho

Nós maltratamos e matamos centenas de milhões de animais a cada dia. Para justificar isso, nós nos convencemos de que suas vidas e sofrimentos não valem muita coisa: “eles são apenas animais!

No entanto, os animais são seres sensíveis, que também querem evitar o sofrimento e que desejam desfrutar de suas vidas. Assim como os seres humanos.

O especismo é para as espécies o que o racismo é para a raça, ou seja, a vontade de ignorar os interesses de alguns indivíduos, a fim de dar vantagem aos demais sob pretextos arbitrários. Uma série de diferenças (existentes ou imaginárias) que não têm qualquer ligação lógica com aquilo que supostamente deveria ser legitimado é apresentada. Ter um padrão maior ou menor de alto nível de inteligência ou pertencenter ou não à espécie humana não é um critério racional para a discriminação. A discriminação especista é, portanto, indefensável.

O especismo é uma ideologia irracional e a sociedade como um todo tem que se posicionar contra as práticas totalmente injustas por ele geradas.

Na prática, o especismo é uma ideologia que justifica a utilização de animais por seres humanos de formas que seriam inaceitáveis caso as vítimas fossem seres humanos.

Os animais são criados e abatidos pela sua carne, seu leite, seus ovos, suas peles (couro, pelos), sua seda; são pescados para consumo humano, são utilizados para experiências científicas; caçados para entretenimento; trancados para viverem em zoológicos e adestramento em grandes tanques; treinados e explorados em circos, mortos para shows (como as touradas), etc.

Lutar contra estas práticas e contra a sua ideologia subjacente é a tarefa do movimento contra o especismo.

O Dia Mundial Contra o Especismo terá lugar em 05 de junho de 2010, e será realizado pelo terceiro ano consecutivo.

Ao redor do mundo as ações estão sendo organizadas a fim de protestar contra uma ideologia que é tão repreensível quanto o racismo ou o sexismo e que causam um incontável número de vítimas, que geralmente passam por terríveis sofrimentos em suas vidas e mortes.

O consumo de carne é o principal motivo de tal tragédia:

58 bilhões de vertebrados terrestres e mais ainda de peixes e crustáceos (144 milhões de toneladas) são mortos a cada ano no mundo por essa razão, tão somente pelo prazer de se consumir carne.

O especismo não pode ser justificado bem como as opressões que dele decorrem.
Vamos abolir a carne e todas as outras formas de exploração animal!

Sobre o especismo

Por que é necessário questionar o conceito de especismo? Porque é a ideologia subjacente tanto para as leis que negam os direitos aos animais e as práticas por ela geradas.

Aqui estão alguns exemplos de nossa experiência como ativistas:

Considerando a crítica contra algumas práticas:

- Como se pode seriamente colocar no mesmo nível, por um lado, os interesses fundamentais dos animais não serem mortos e, por outro lado, o interesse humano em comê-los, o que em comparação, não é nada além de um capricho? Isso é especismo.

- Se é ilegítimo usar seres humanos para a vivissecção, porque usar animais de outras espécies? Não é unicamente devido ao especismo?

- Se não quisermos ser trancafiados, amputados e mortos, como podemos justificar fazê-lo a outros seres que sofrem da mesma forma devido a essas práticas? Isso é especismo.

- Por que negar direitos aos animais? Somente devido ao fato de serem eles “apenas” animais? Isso é especismo.

O conceito de especismo também é importante porque:

- O especismo repousa sobre as mesmas bases ideológicas que as discriminações racistas ou sexistas que utilizam a “natureza” no intuito de justificar a inferioridade de alguns indivíduos. A “natureza” de animais é considerada inferior, porque usam termos como “animal”, “instintivo”, “programado” ao passo que a “natureza” dos seres humanos é considerada superior porque se diz “livre”, “racional” ou “espiritual”. Estas “naturezas” “inferiores” e “superiores” supostamente legitimam a dominação do
homem sobre os outros seres sensientes.

- Por definição, o conceito de igualdade não pode repousar sobre critérios arbitrários; caso contrário já não seria igualdade, mas injustiça e desigualdade. Este conceito deve abranger todos os seres que têm interesses a defender e, portanto, os interesses que têm que ser defendidos, isto é: todos os seres sensientes. Não deve haver duplos padrões de moral: um, igualitário entre os humanos e somente entre eles, e outro, elitista e injusto para com os outros.

- O conceito de ideologia especista destaca a existência de uma visão estruturada do mundo que leva à inferiorização e a invisibilidade dos animais.

Aqui estão alguns dos efeitos dessa ideologia, entre outros:

- Os animais geralmente não aparecem como indivíduos, mas, sim, que são percebidos como exemplares indiferenciados de suas espécies;

- Frequentemente a confusão se faz entre a luta para o reconhecimento de seus próprios interesses individuais e a luta pela preservação das espécies…

Neste ponto dizemos alto e claro que nos preocupamos com os seres sensientes como indivíduos.

- Assim como o racismo e o sexismo são conceitos políticos, o especismo é um conceito político, que nos permite fazer uma análise social da questão dos direitos dos animais. Ela nos permite ver a luta como política e colocá-la em um paralelo com as lutas de libertação que vieram antes dela e pensar em ações a curto e a longo prazo (por exemplo, a demanda para a abolição do consumo de carne).

Comparando-a com as ideologias racistas e sexistas e os sistemas sociais, fazemos as pessoas perceberem que a reprodução, caça, pesca e outras práticas de exploração e opressão dos animais não são “naturais”, mas, sim, socialmente instituídas, historicamente situadas, eticamente reprováveis, e podem ser combatidas em um nível político.

Chamando a atenção para o especismo, o Dia Mundial Contra o Especismo nos dá a oportunidade de fazer valer o fato de que a opressão de animais, assim como a de seres humanos, não é uma questão de escolha pessoal. Da mesma forma que matar ou maltratar os seres humanos não é uma questão de liberdade pessoal, mas uma injustiça que deve ser combatida, a questão dos direitos dos animais tem de aparecer como um problema ético, social e político que diz respeito a todos e que a sociedade precisa urgentemente aceitar discutir.

Tradução de Cristina Calixto

Fonte
réseau antispéciste

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