junho 30, 2010
Um pedido muito especial!
AJUDEM OS PASSARINHOS
EMBRULHE OS CHICLETES ANTES DE JOGAR FORA:
Atraídos pelo cheiro adocicado e pelo sabor de fruta, os pássaros comem restos de chicletes deixados, irresponsavelmente, em qualquer lugar. Ao sentirem o chiclete grudando em seu biquinho, tentam, desesperados, retirá-lo com os pés... E aí, acontece o pior: acabam sufocados.
Por favor, embrulhe o chiclete num pedaço de papel
e jogue-o no lixo.
Além disso, você ajuda a NATUREZA!!!
junho 29, 2010
POR QUE RECICLAR PILHAS E BATERIAS?
Papel, plástico, vidro, alumínio já são expressivamente reciclados no Brasil. Contudo, reciclar pilhas e baterias esgotadas ainda não está no cotidiano do brasileiro.
Além disso, descartá-las de forma incorreta é extremamente perigoso. Os metais pesados existentes em seu interior não se degradam e são extremamente nocivos à saúde e ao meio ambiente. Justamente por serem biocumulativas é que surgiu a necessidade do descarte correto de pilhas e baterias usadas.
Uma pilha comum contém, geralmente, três metais pesados: zinco, chumbo e manganês, além de substâncias perigosas como o cádmio, o cloreto de amônia e o negro de acetileno. A pilha alcalina contém também o mercúrio, uma das substâncias mais tóxicas que se conhece.
Por isso, pilhas e baterias representam hoje um sério problema ambiental. São produzidas a cada ano no país cerca de 800 milhões de pilhas secas (zinco-carbono) e alcalinas (dados da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica - Abinee).
Tal situação é agravada aqui, no Brasil, pela venda irregular de pilhas e baterias provenientes da China, realizadas pelos camelôs, cerca de 40% das pilhas vendidas no País.
Essas pilhas piratas não seguem as normas técnicas e os padrões brasileiros, possuindo teores de metais pesados até sete vezes superiores ao permitido pela nossa legislação, não lhes permitindo descartes em lixo comum. Nesse tipo de comércio informal, não há conscientização e nem preocupação com a coleta.
RISCOS AO MEIO AMBIENTE E À SAÚDE
Na natureza, uma pilha pode levar séculos para se decompor. Porém, os metais pesados nunca se degradam. Em contato com a umidade, água, calor ou outras substâncias químicas, os componentes tóxicos vazam e contaminam tudo por onde passam: solo, água, plantas e animais.
Com as chuvas, penetram no solo e chegam às águas subterrâneas, atingindo córregos e riachos. A água contaminada acaba atingindo a cadeia alimentar humana por meio da irrigação agrícola ou do consumo direto.
Os metais pesados possuem alto poder de disseminação e uma capacidade surpreendente de acumular-se no corpo humano e em todos os organismos vivos, os quais são incapazes de metabolizá-los ou eliminá-los, o que traz sérios danos à saúde.
Dentre os males provocados pela contaminação com metais pesados está; a anemia, debilidade, paralisia parcial, câncer e mutações genéticas. Eles também prejudicam o sistema nervoso central, o fígado, os rins e os pulmões.
A MELHOR OPÇÃO
A opção ideal é, sem dúvida, o uso de Pilhas Recarregáveis. No Brasil, elas ocupam ainda um nicho pequeno, não mais do que 5% do mercado. São mais caras que as pilhas comuns e as alcalinas, entretanto sua vida útil é muito superior, podendo ser reutilizadas centenas de vezes, e são mais ecológicas.
MAS COMO DESCUBRO SE A PILHA QUE COMPREI PODE SER DESCARTADA NO LIXO DOMÉSTICO?
A legislação brasileira exige que a fábrica ou a importadora de pilhas e baterias apresente a simbologia para descarte do seu produto, com isso podemos saber facilmente como devemos fazer a destinação correta das nossas pilhas, basta você conferir na embalagem e fazer a destinação correta.
ENTÃO, O QUE FAZER:
- PAPA-PILHAS
O Programa Real de Reciclagem de Pilhas e Baterias recolhe todo tipo de pilhas e baterias portáteis usadas (de lanternas, rádios, controles remotos, relógios, celulares, telefones sem fio, laptops, câmeras digitais e outros aparelhos portáteis) e se encarrega de sua reciclagem.
Este programa visa conscientizar as pessoas sobre a necessidade de dar uma destinação correta a esses materiais, reduzindo a quantidade de pilhas e baterias lançadas no meio ambiente.
A reciclagem é feita por uma empresa especializada e licenciada para realizar esse trabalho. O Banco Real é responsável pelos custos de coleta, transporte e reciclagem dos materiais.
Os coletores do Papa-Pilhas estão presentes nas agências do Banco Real espalhadas em todo território nacional. Em algumas localidades, o Papa-Pilhas está presente também em universidades, hospitais, órgãos públicos e outros parceiros do Banco (como lojas da rede Pão de Açúcar e alguns Shoppings Centers).
Entre em contato com a agência do Banco Real mais próxima de você para confirmar se ela já possui o coletor Papa-Pilhas e leve até lá as pilhas e baterias usadas em sua casa ou escritório.
- Como determinado pela legislação ambiental, pilhas e baterias com peso superior a 500 gramas ou dimensões maiores que 5 cm x 8 cm devem ser devolvidas ao local da compra ou encaminhadas diretamente ao fabricante. O mesmo deve ser feito com baterias de chumbo ácido de qualquer tamanho, usadas em motocicletas, alarmes, celulares rurais e automóveis.
- Os aparelhos de celular em desuso devem ser entregues, juntamente com a bateria nas lojas das operadoras. Elas darão um destino seguro a ambos.
COMO É FEITA A RECICLAGEM
As pilhas e baterias são desencapadas e seus metais queimados em fornos industriais de alta temperatura, dotados de filtros que impedem a emissão de gases poluentes.
Nesse processo são obtidos sais e óxidos metálicos, que são utilizados na indústria de refratários, vidros, tintas, cerâmicas e química em geral, sem riscos às pessoas e ao ambiente.
SOLUÇÕES
Atualmente existe uma mobilização mundial com o intuito de minimizar a produção de pilhas e baterias com estas substâncias. A questão é que a substituição requer investimentos e pesquisas, o que significa despesas para as empresas. Enquanto as empresas apresentam soluções apenas para dar alternativas ao destino ambientalmente adequado destes resíduos, pouco se investe em novas opções.
A população deve, não apenas exigir das empresas e órgãos responsáveis que tomem atitudes conservacionistas e que alertem a população sobre o perigo desse tipo de lixo, mas deve também rever e mudar a própria maneira de compreender e se relacionar com o meio ambiente.
DICAS SOBRE O USO CORRETO DE PILHAS E BATERIAS
- Colocar pilhas na geladeira não aumenta a carga, ao contrário, quando expostas ao frio ou calor o desempenho pode piorar.
- Na hora de trocá-las em um equipamento, substitua todas ao mesmo tempo.
- Retire-as se o aparelho for ficar um longo tempo sem uso, pois podem vazar.
- Não misture pilhas diferentes (alcalinas e comuns; novas e usadas). Isso prejudica o desempenho e a durabilidade.
- Prefira as pilhas e baterias recarregáveis ou alcalinas. Apesar de custarem um pouco mais, têm maior durabilidade.
- Guarde as pilhas em local seco e em temperatura ambiente.
- Nunca guarde pilhas e baterias junto com brinquedos, alimentos ou remédios.
- Não exponha pilhas e baterias ao calor excessivo ou à umidade. Elas podem vazar ou explodir.
- Pelas mesmas razões, não as incinere e, em hipótese alguma, tente abri-las.
- Nunca descarte pilhas e baterias no meio ambiente e não deixe que elas se transformem em brinquedo de crianças.
- Evite comprar aparelhos portáteis com baterias embutidas não removíveis.
- Compre sempre produtos originais. Não use pilhas e baterias piratas.
Um banqueiro iluminado pela natureza: Entrevista a Pavan Sukhdev
Podia ter dois modelos da Porsche, mas prefere o seu Toyota Prius de 2003. Não come peixe nem carne vermelha. É um “vegetariano científico”. Chama-se Pavan Sukhdev, é banqueiro no Deutsche Bank e converte em dólares o potencial da biodiversidade. Só assim convence políticos, economistas e gestores
Podia ter dois modelos da Porsche, mas prefere o seu Toyota Prius de 2003. Não come peixe nem carne vermelha. É um “vegetariano científico”. Chama-se Pavan Sukhdev, é banqueiro no Deutsche Bank e converte em dólares o potencial da biodiversidade. Só assim convence políticos, economistas e gestores.
Por cada euro investido na preservação dos ecossistemas e biodiversidade, há um retorno potencial 100 vezes maior. Preservar a biodiversidade custaria algo como 37 mil milhões de euros anuais. O retorno desse investimento seria da ordem dos 3,6 biliões de euros. As contas são do economista indiano Pavan Sukhdev, um banqueiro do Deutsche Bank escolhido pelas Nações Unidas para dirigir a iniciativa “Green Economy” e eleito pela União Europeia para liderar o estudo “The Economics of Ecosystems and Biodiversity” (TEEB). Há que dar números ao ambiente para convencer políticos, economistas, financeiros, gestores e consumidores. Pavan Sukhdev está suficientemente convencido e aplica as suas teorias ao quotidiano.
É um cidadão exemplar?
Espero que não seja um mau exemplo... há duas coisas que faço no que respeita a ecossistemas e biodiversidade. Há dez anos, na Austrália, eu e a minha mulher comprámos um terreno no Estado de Queensland, na Austrália. Estamos, lentamente, a reflorestar a zona, em especial junto ao rio, criando uma espécie de corredor de vida selvagem. Os ‘tree-kangaroos’ (’canguru das árvores’) e os casuares (aves de grande porte) voltaram. Também estamos a plantar árvores de frutos. Construímos , igualmente, um projecto de eco-turismo. A minha ideia é que este complexo possa capturar carbono e, assim, compensar a emissão de dióxido de carbono, já que eu viajo muito....
E no seu dia-a-dia?
Não como camarões. Nem carne vermelha. Nem peixe. Ao alertar para a forma como o consumo pode afectar a biodiversidade, costumo dar o exemplo do impacto da pesca de camarão no Sul da Tailândia. As explorações de aquacultura destroem grandes superfícies de floresta de mangal. Geram receitas da ordem de 1.220 dólares por hectare, mas acarretam a perda, para as comunidades locais, de produtos florestais de madeira e de outros tipos, de pescarias e de serviços de protecção costeira, no valor de 12.000 dólares por hectare. Também não como carne vermelha, desde que tomei consciência que cerca de 30% da terra é usada para a criação de gado. Deixei de comer peixe do mar. A pesca recebe 27 mil milhões de dólares anuais em subsídios, um terço da facturação resultante do peixe capturado. O resultado disso é que os ‘stocks’ de peixe nos oceanos estão a entrar em colapso. É insustentável. O que como? Podia comer frango, mas não gosto. [Risos]. Basicamente, tornei-me vegetariano, um vegetariano cientifico...
Uma dieta alimentar sustentável, portanto. E no consumo de outros produtos, a sociedade contemporânea anda a consumir demasiado? Dois ou mais telemóveis por pessoa...
Esse é dos meus problemas... tenho vários ‘blackberry’... Mas é uma falha de tecnologia. Eu gostava de ter um único ‘blackberry’ com três números de telefone incorporados! Um para Índia, outro para o Reino Unido, outro para os EUA! Aí está uma oportunidade de negócio: eu investiria na empresa que colocasse vários números num só dispositivo!
Tenho vários telemóveis, mas conduzo o mesmo carro há sete anos, um Toyota Prius, que comprei em Londres. Repare, eu trabalho num banco de investimento e, acredite em mim, posso comprar um Mercedes, um Porsche, dois Porsche... Não o faço. Não acho correcto. A minha mulher já se habitou ao nosso Toyota. [Risos]. Quando fizer um ‘upgrade’, compro um novo Toyota, talvez um Lexus. É uma piada, mas há escolhas. Porque é que as pessoas escolhem fazer férias do outro lado do mundo? Sou um adepto das distâncias curtas. Não se trata de deixar de consumir e sim de consumir melhor. Claro, falo, sobretudo, dos países desenvolvidos, onde urge um consumo sustentável.
Além de um consumo sustentável, qual o papel dos cidadãos?
Como cidadãos, devem votar no político certo, naquele que tenha consciência das questões relacionadas com a biodiversidade. Os políticos ainda não agem tendo em conta os benefícios públicos.. Mas, no mundo contemporâneo, em especial nas democracias, os governantes são seguidores e não lideres. Seguem o que as pessoas querem. Muito poucos políticos são lideres e, por isso, o poder está nas mãos dos indivíduos....
Para despertar maior consciência?
Sim. Uma dos aspectos positivos das mudanças climáticas é que as pessoas tornaram-se mais sensíveis e conscientes. ‘Espera lá, afinal não são apenas os centros comerciais, mercados, cidades. É sobre algo maior, a terra’. Abriu a mente das pessoas. Há dez ou quinze anos, as pessoas não estavam preocupadas com a natureza, mas com o seu rendimento, a sua família, o seu consumo, etc.
Não continuam a estar? O receio que destruição da natureza possa ter nas suas vidas ...
Sim. Mas abriu-se uma nova dimensão.
E essa nova dimensão é, realmente, tida em conta pelas empresas? Pelo caso BP parece que não...
A BP é só um exemplo do impacto das externalidades. Um estudo da consultora Trucost para a ONU estima que, em 2008, a actividade das três mil maiores empresas públicas mundiais teve um custo ambiental de 2,25 mil milhões de dólares, valor que corresponde a um terço da sua facturação. Ou seja, se as empresas fossem obrigadas a pagar ficariam sem um terço dos resultados...
Os gestores estão cientes destes impactos?
Não, mas existem excepções. A Rio Tinto, empresa que actua no sector da exploração mineira, é um desses casos. O CEO, Tom Albanese, desenvolveu uma estratégia para a biodiversidade positiva. Claro que é difícil quando se trata de uma empresa mineira, que destrói florestas... Mas é isso mesmo que ele quer acautelar: evitar algumas minas, mitigar outras, recuperar algumas florestas, promover a conservação. A Cola-Cola é outra excepção. A multinacional, uma das empresas que mais consome água do mundo [2,08 litros de água para fabricar cada litro da bebida] quer ser ‘water neutral’ até 2020 [devolvendo’ à natureza toda a água consumida, através da plantação de árvores, aproveitamento da chuva...] Também a Unilever comprometeu-se, até 2015, utilizar apenas óleo de palma proveniente de fontes certificadas como sustentáveis [alguns fornecedores de óleo de palma, usado na produção de cosméticos, são suspeitos da destruição de florestas de alto valor de conservação e invasão de campos selvagens]. As oportunidades de negócio são imensas na economia verde. Mais inovação. A revolução tecnológica permite a criação produtos não poluentes e mais baratos.
A BP também tinha, desde 2000, uma estratégia de biodiversidade...As petrolíferas têm noção das suas externalidades?
Não. Já houve derrames anteriores, nomeadamente o caso Exxon Valdez. Pensei que se tinham retirado lições dessa catástrofe. Afinal ,talvez não. Agora aprendemos outra lição, várias lições. Uma sobre risco, outra sobre externalidades e outra sobre licenças sociais para operar. A tensão actual entre BP e o governo norte-americano é, precisamente, sobre licenças sociais para operar. É isso que o presidente Obama e os norte-americanos questionam.
Como lê a actuação de Obama no caso BP?
Obama está a trabalhar muito, fez um discurso muito convincente para alertar os cidadãos de que o futuro seguro está nas energias limpas, no sentido de evitar acontecimentos como este, mas também, para evitar a dependência política em relação ao Médio Oriente, dando às pessoas a oportunidade de crescer numa economia verde. Daqui a uns 50 anos, os nossos netos vão perguntar: “O quê? Vocês queimavam petróleo?’. O petróleo é bom, mas temos de o guardar para coisas melhor uso, em vez de o queimar para gasolina.
Em todo este contexto, qual será o desfecho da BP?
Não faço ideia, mas penso que fará com que as pessoas pensem de uma forma mais profunda sobre o tipo de economia e de sociedade em que querem viver. A verdade é que as pessoas aceitam as externalidades corporativas de uma forma natural, como algo sobre o qual não se devem preocupar. Mas têm mesmo de se preocupar. Tal como referi, as externalidades representam um terço dos lucros das três mil maiores empresas, o que significa que algumas empresa têm externalidades mais elevadas que os lucros. Faz sentido? As pessoas têm que tomar uma atitude, é bom senso económico.
Defende mais legislação nas externalidades? Maior transparência?
Pode optar-se por uma legislação mais apertada, que internalize as externidades. Por exemplo: com leis que obriguem as empresas a prestar informação sobre as externalidades de forma a que os investidores e sociedade tenham conhecimento dos reais custos. Este conhecimento, colocado nos relatórios anuais das companhias. iria ter impacto na forma da empresa operar. Também se pode impor custos aos produtos que criem externalidades e aplicar taxas à extracção de minerais no solo, por exemplo. As companhias que extrem petróleo devem ser cobradas por isso. Porque é que as empresas pagam impostos sobre lucros e receitas e não sobre coisas más? Porque é que só taxamos as coisas boas?
Não é preciso escolher entre crescimento e ambiente...
Não. O que é precioso é escolher entre crescimento inteligente ou crescimento estúpido. Sou financeiro há 25 anos, sei o que os mercados fazem e não fazem. Posso dizer que não estão aqui para resolver problemas sociais. O velho modelo da economia tem de mudar. E vai mudar, há empresas que começaram a trilhar caminhos para conquistarem prestígioentre os consumidotes, mas não chega. Não teremos mudanças significativas no mundo corporativo a não ser que mudem certas regras. Quando os políticos ou economistas me dizem que têm soluções de mercado para tudo, eu simplesmente rio.
Sente-se bizarro nesse mundo?
Sou um financeiro de sucesso. Posso comprar dois Porsche e fazer o que os outros fazem, ou querem fazer, mas não. Desafio-os a dizerem-me porque é que o meu modelo de comportamento é menos inteligente. Não conseguem.
Fonte: JN
Por cada euro investido na preservação dos ecossistemas e biodiversidade, há um retorno potencial 100 vezes maior. Preservar a biodiversidade custaria algo como 37 mil milhões de euros anuais. O retorno desse investimento seria da ordem dos 3,6 biliões de euros. As contas são do economista indiano Pavan Sukhdev, um banqueiro do Deutsche Bank escolhido pelas Nações Unidas para dirigir a iniciativa “Green Economy” e eleito pela União Europeia para liderar o estudo “The Economics of Ecosystems and Biodiversity” (TEEB). Há que dar números ao ambiente para convencer políticos, economistas, financeiros, gestores e consumidores. Pavan Sukhdev está suficientemente convencido e aplica as suas teorias ao quotidiano.
É um cidadão exemplar?
Espero que não seja um mau exemplo... há duas coisas que faço no que respeita a ecossistemas e biodiversidade. Há dez anos, na Austrália, eu e a minha mulher comprámos um terreno no Estado de Queensland, na Austrália. Estamos, lentamente, a reflorestar a zona, em especial junto ao rio, criando uma espécie de corredor de vida selvagem. Os ‘tree-kangaroos’ (’canguru das árvores’) e os casuares (aves de grande porte) voltaram. Também estamos a plantar árvores de frutos. Construímos , igualmente, um projecto de eco-turismo. A minha ideia é que este complexo possa capturar carbono e, assim, compensar a emissão de dióxido de carbono, já que eu viajo muito....
E no seu dia-a-dia?
Não como camarões. Nem carne vermelha. Nem peixe. Ao alertar para a forma como o consumo pode afectar a biodiversidade, costumo dar o exemplo do impacto da pesca de camarão no Sul da Tailândia. As explorações de aquacultura destroem grandes superfícies de floresta de mangal. Geram receitas da ordem de 1.220 dólares por hectare, mas acarretam a perda, para as comunidades locais, de produtos florestais de madeira e de outros tipos, de pescarias e de serviços de protecção costeira, no valor de 12.000 dólares por hectare. Também não como carne vermelha, desde que tomei consciência que cerca de 30% da terra é usada para a criação de gado. Deixei de comer peixe do mar. A pesca recebe 27 mil milhões de dólares anuais em subsídios, um terço da facturação resultante do peixe capturado. O resultado disso é que os ‘stocks’ de peixe nos oceanos estão a entrar em colapso. É insustentável. O que como? Podia comer frango, mas não gosto. [Risos]. Basicamente, tornei-me vegetariano, um vegetariano cientifico...
Uma dieta alimentar sustentável, portanto. E no consumo de outros produtos, a sociedade contemporânea anda a consumir demasiado? Dois ou mais telemóveis por pessoa...
Esse é dos meus problemas... tenho vários ‘blackberry’... Mas é uma falha de tecnologia. Eu gostava de ter um único ‘blackberry’ com três números de telefone incorporados! Um para Índia, outro para o Reino Unido, outro para os EUA! Aí está uma oportunidade de negócio: eu investiria na empresa que colocasse vários números num só dispositivo!
Tenho vários telemóveis, mas conduzo o mesmo carro há sete anos, um Toyota Prius, que comprei em Londres. Repare, eu trabalho num banco de investimento e, acredite em mim, posso comprar um Mercedes, um Porsche, dois Porsche... Não o faço. Não acho correcto. A minha mulher já se habitou ao nosso Toyota. [Risos]. Quando fizer um ‘upgrade’, compro um novo Toyota, talvez um Lexus. É uma piada, mas há escolhas. Porque é que as pessoas escolhem fazer férias do outro lado do mundo? Sou um adepto das distâncias curtas. Não se trata de deixar de consumir e sim de consumir melhor. Claro, falo, sobretudo, dos países desenvolvidos, onde urge um consumo sustentável.
Além de um consumo sustentável, qual o papel dos cidadãos?
Como cidadãos, devem votar no político certo, naquele que tenha consciência das questões relacionadas com a biodiversidade. Os políticos ainda não agem tendo em conta os benefícios públicos.. Mas, no mundo contemporâneo, em especial nas democracias, os governantes são seguidores e não lideres. Seguem o que as pessoas querem. Muito poucos políticos são lideres e, por isso, o poder está nas mãos dos indivíduos....
Para despertar maior consciência?
Sim. Uma dos aspectos positivos das mudanças climáticas é que as pessoas tornaram-se mais sensíveis e conscientes. ‘Espera lá, afinal não são apenas os centros comerciais, mercados, cidades. É sobre algo maior, a terra’. Abriu a mente das pessoas. Há dez ou quinze anos, as pessoas não estavam preocupadas com a natureza, mas com o seu rendimento, a sua família, o seu consumo, etc.
Não continuam a estar? O receio que destruição da natureza possa ter nas suas vidas ...
Sim. Mas abriu-se uma nova dimensão.
E essa nova dimensão é, realmente, tida em conta pelas empresas? Pelo caso BP parece que não...
A BP é só um exemplo do impacto das externalidades. Um estudo da consultora Trucost para a ONU estima que, em 2008, a actividade das três mil maiores empresas públicas mundiais teve um custo ambiental de 2,25 mil milhões de dólares, valor que corresponde a um terço da sua facturação. Ou seja, se as empresas fossem obrigadas a pagar ficariam sem um terço dos resultados...
Os gestores estão cientes destes impactos?
Não, mas existem excepções. A Rio Tinto, empresa que actua no sector da exploração mineira, é um desses casos. O CEO, Tom Albanese, desenvolveu uma estratégia para a biodiversidade positiva. Claro que é difícil quando se trata de uma empresa mineira, que destrói florestas... Mas é isso mesmo que ele quer acautelar: evitar algumas minas, mitigar outras, recuperar algumas florestas, promover a conservação. A Cola-Cola é outra excepção. A multinacional, uma das empresas que mais consome água do mundo [2,08 litros de água para fabricar cada litro da bebida] quer ser ‘water neutral’ até 2020 [devolvendo’ à natureza toda a água consumida, através da plantação de árvores, aproveitamento da chuva...] Também a Unilever comprometeu-se, até 2015, utilizar apenas óleo de palma proveniente de fontes certificadas como sustentáveis [alguns fornecedores de óleo de palma, usado na produção de cosméticos, são suspeitos da destruição de florestas de alto valor de conservação e invasão de campos selvagens]. As oportunidades de negócio são imensas na economia verde. Mais inovação. A revolução tecnológica permite a criação produtos não poluentes e mais baratos.
A BP também tinha, desde 2000, uma estratégia de biodiversidade...As petrolíferas têm noção das suas externalidades?
Não. Já houve derrames anteriores, nomeadamente o caso Exxon Valdez. Pensei que se tinham retirado lições dessa catástrofe. Afinal ,talvez não. Agora aprendemos outra lição, várias lições. Uma sobre risco, outra sobre externalidades e outra sobre licenças sociais para operar. A tensão actual entre BP e o governo norte-americano é, precisamente, sobre licenças sociais para operar. É isso que o presidente Obama e os norte-americanos questionam.
Como lê a actuação de Obama no caso BP?
Obama está a trabalhar muito, fez um discurso muito convincente para alertar os cidadãos de que o futuro seguro está nas energias limpas, no sentido de evitar acontecimentos como este, mas também, para evitar a dependência política em relação ao Médio Oriente, dando às pessoas a oportunidade de crescer numa economia verde. Daqui a uns 50 anos, os nossos netos vão perguntar: “O quê? Vocês queimavam petróleo?’. O petróleo é bom, mas temos de o guardar para coisas melhor uso, em vez de o queimar para gasolina.
Em todo este contexto, qual será o desfecho da BP?
Não faço ideia, mas penso que fará com que as pessoas pensem de uma forma mais profunda sobre o tipo de economia e de sociedade em que querem viver. A verdade é que as pessoas aceitam as externalidades corporativas de uma forma natural, como algo sobre o qual não se devem preocupar. Mas têm mesmo de se preocupar. Tal como referi, as externalidades representam um terço dos lucros das três mil maiores empresas, o que significa que algumas empresa têm externalidades mais elevadas que os lucros. Faz sentido? As pessoas têm que tomar uma atitude, é bom senso económico.
Defende mais legislação nas externalidades? Maior transparência?
Pode optar-se por uma legislação mais apertada, que internalize as externidades. Por exemplo: com leis que obriguem as empresas a prestar informação sobre as externalidades de forma a que os investidores e sociedade tenham conhecimento dos reais custos. Este conhecimento, colocado nos relatórios anuais das companhias. iria ter impacto na forma da empresa operar. Também se pode impor custos aos produtos que criem externalidades e aplicar taxas à extracção de minerais no solo, por exemplo. As companhias que extrem petróleo devem ser cobradas por isso. Porque é que as empresas pagam impostos sobre lucros e receitas e não sobre coisas más? Porque é que só taxamos as coisas boas?
Não é preciso escolher entre crescimento e ambiente...
Não. O que é precioso é escolher entre crescimento inteligente ou crescimento estúpido. Sou financeiro há 25 anos, sei o que os mercados fazem e não fazem. Posso dizer que não estão aqui para resolver problemas sociais. O velho modelo da economia tem de mudar. E vai mudar, há empresas que começaram a trilhar caminhos para conquistarem prestígioentre os consumidotes, mas não chega. Não teremos mudanças significativas no mundo corporativo a não ser que mudem certas regras. Quando os políticos ou economistas me dizem que têm soluções de mercado para tudo, eu simplesmente rio.
Sente-se bizarro nesse mundo?
Sou um financeiro de sucesso. Posso comprar dois Porsche e fazer o que os outros fazem, ou querem fazer, mas não. Desafio-os a dizerem-me porque é que o meu modelo de comportamento é menos inteligente. Não conseguem.
Fonte: JN
junho 28, 2010
Biodiversidade
por Neide Schulte
Quando vejo projetos como esse, infelizmente me reforça o fato de que o caminho da humanidade para efetivamente ter uma vida em harmonia verdadeira com a natureza ainda está distante. Por que? Porque essas ações em prol da ‘biodiversidade’ são antropocêntricas. Têm como fim a preservação da espécie humana, as demais vidas de animais não humanos e plantas não manipuladas para serem mantidas para que humanos tenham alimentos, conforto e bem-estar até na consciência, pois estão ajudando a ‘preservar a natureza’.
Isso fica claro quando se propõe criar em cativeiro espécies exóticas de animais, para que os nativos da região possam matar e comê-los. Mas porque os animais criados em cativeiro não tem o direito de viver livres na natureza? Ou melhor, os humanos tem o direito de capturar espécies, reproduzi-las e serem donos de suas vidas? O homem é Deus?
O argumento da cultura local é um álibi, pois a cultura é mutável de acordo com os novos valores que surgem. Se preservar a biodiversidade é um novo valor, então primeiro é preciso estabelecer que conceito de biodiversidade está se usando, porque manter uns e matar outros… que bio diversidade é essa? Humanos são onívoros. Podem viver sem comer animais. É uma escolha como fazem os veganos ou ainda uma falta de escolha como as pessoas que não tem como comprar animais para comer. Mas o fato é que humanos podem viver de forma saudável com uma dieta sem inclusão de animais. Além disso, o último relatório da ONU apresentado dia 05/06/2010 aponta: ‘Uma redução substancial de impactos ambientais somente seria possível com uma mudança de dieta, eliminando produtos animais’ (p.82). Relatório da ONU 2010 disponível em www.guardian.co.uk.
* Neide Köhler Schulte é doutoranda em Design, PUC-Rio, tem como tema de pesquisa para tese o “consumo ético de roupas”; mestre em Engenharia de Produção, UFSC; especialista em Moda, UDESC, e em Ensino da Arte, UNIVILLE; graduada em Desenho, UFSM. É professora de desenho de moda e desenho têxtil no curso de Bacharelado em Moda, na UDESC, coordenadora do Programa de Extensão EcoModa-UDESC. Participa do “Projeto feminista ecoanimalista: contribuições para a superação da violência e da discriminação” na UFSC, coordenado pela filósofa Sônia T. Felipe. Apresenta conferências, palestras e desfiles em eventos mostrando roupas desenvolvidas a partir de tecidos orgânicos, reciclados e reutilizados para disseminar o consumo ético.
Fonte: Vanguarda Abolicionista
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