“Os Experimentos em Animais ATRASAM o progresso da ciência”.

maio 11, 2010

A linha (tênue?) entre o fetiche e a necessidade...

Em uma discussão entusiástica entre um amigo e eu, como de costume, ouvi mais do que falei, é que preciso aprender mais sobre o veganismo, sobre a ética animal, não porque pessoas que respeito teriam forte poder de influência sobre minhas atitudes, mas porque é algo que me importo deveras.
Li a Ética Prática (Peter Singer) e captei o ponto de vista, sábio e demasiadamente sensato. Somos iguais, eu e o frango porque ambos sentimos dor e prazer, temos assim iguais interesses na cadeia do viver, logo merecemos o mesmo direito à vida.
De onde vem a necessidade de comer animas (irracionais?)?
E de onde vem o fetiche de usar a pele de avestruz para fabricar bolsas, sapatos, etc?
Ambos construídos socialmente já que, naturalmente, não precisamos comer animais (irracionais?) para continuar vivendo. A prova são os vegans e os vegetarianos, que vivem muito bem. E também não precisamos da animal para nos manter protegidos do frio e do calor.

Parar de usar roupas, cintos e bolsas de pele de Jacaré é obviamente mais fácil já que temos ainda uma vasta variedade dessas mercadorias que não são feitas de pele animal. O algodão (sem querer entrar no mérito do direito vegetal, ainda) é abundante, usá-lo na fabricação de roupas tem menor custo e é mais popular.
Parar de comer galinhas já não me parece coisa que possa ser transformada no hábito alimentar do brasileiro, por exemplo, assim como parar de comer peixe no Japão.
Não seria importante relevar as condições de vida humana, especialmente quando milhões de nós não temos a garantia de sequer comer diariamente? A nossa dignidade não poderia ser levada em conta? É que a fome e a miséria não me parecem ainda coisas que devam ser tratadas como fatos isolados ou hipóteses. Não existe uma hipótese de que agora alguém em bairro miserável de Aracaju não tem o que pôr na boca para se alimentar. Isso não é suposição, É fato. Alguém ainda duvida? Preciso provar matematicamente?
Aqui eu gostaria de TENTAR distinguir fetiche de necessidade.
Fetiche é o poder puramente simbólico exercido e absolvido então como necessidade. Comprar uma bolsa porque se precisa guardar objetos enquanto se locomove não é o mesmo que comprar uma bolsa pelo fato de ela ser de couro e possuir a etiqueta da Louis Vuitton. O que o fato de ela ser de couro e possuir uma etiqueta da Louis Vuitton vai interferir na primeira utilidade da bolsa?
Necessidade é a falta de algo indispensável. Comer galinha é indispensável? É evidente que não! Pode-se substituir uma galinha por uma moqueca de soja, tranquilamente. Mas é nessa afirmação que a ética começa a me escapar entre os dedos. Estou tentando segurá-la, creio que perceberam. Posso exigir de mim tal atitude quando, embora eu, não tão tranquilamente, mas sim possivelmente, possa fazer essa substituição? Com esforço conseguirei.
Mas o que é mais importante para o ciclo da vida do qual eu e o frango fazemos parte? Deixar de comê-lo ou permitir que esse ciclo continue como há centenas de anos continua? O que é menos destrutivo para nós dois? (NÓS DOIS) que eu deixe de comer animais (irracionais?), que eu lhes permita a vida a todos sem nenhuma interferência? que eu me reconheça igual nos interesses, portanto participante da mesma cadeia alimentar, portanto participante do mesmo ciclo da vida?
É a toa que leões comem cervos? Será mesmo por que, supostamente ou hipoteticamente, ele é irracional? Ou será porque isso que comumente chamamos de natureza está a anos luz de nossa importantíssima, porém ainda obscura filosofia?
Quanto mais tento explicar meus pensamentos mais dúvidas emergem! Seria assim se não fôssemos humanos? (rsrs)
Apropriamos-nos do tempo, nosso e de todos os nossos irmãos naturais!
E para que propósito?
Para atendermos a URGÊNCIA dos nossos Fetiches!! E não das nossas Necessidades!!
ISSO NÃO SERIA MAIS DESTRUTIVO?
Mas quanto a nossa DIGNIDADE, (embora culturalmente concebida) pode deixar de ser importante para o ciclo da vida?

Nosso grande problema, creio eu, queridos amigos, não é comer animais mas destruí-los aos milhares pelo prazer de nossos fetiches, assim como destruimos a nós mesmos, aos milhares, pelo mesmo prazer.

Tento ser sensato. Não creio que estou tendo uma idéia reducionista e simplista, muito pelo contrário. A natureza, toda ela, me incluo e vos incluo... é impossível de ser tratada como intocável. Não estaria aí o reducionismo do ideal veganiano?

Quero saber, preciso conhecer as opiniões. Porque estudar o meio ambiente não é algo digno de expressão de nojo. Porque se negamos o meio ambiente, negamos a nós mesmos. E aí, caríssimos, nunca saberemos do que estamos falando!

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