“Os Experimentos em Animais ATRASAM o progresso da ciência”.

julho 18, 2009

Vestir-se com ética

Moda ética – Neide Köhler Schulte


O hábito de cobrir o corpo humano, vestir-se, está presente desde o princípio da humanidade. As razões para cobrir o corpo não têm relação unicamente com a proteção (do frio, do sol), mas também com a estética, o poder, a sedução entre os gêneros, entre outras.

Os primeiros materiais utilizados eram de origem animal, peles, pelos e penas. Posteriormente o homem passou a utilizar fibras de plantas, que aprendeu a tramar, desenvolvendo os tecidos. No século XIX, a indústria têxtil criou as fibras artificiais e sintéticas para a produção de tecidos. Portanto, existem tecidos de origem natural (animal e vegetal), artificial (viscose, modal, tencel etc.) e sintética (poliéster, poliamida etc.).

Atualmente existem diversas opções de materiais para o desenvolvimento de roupas, dispens,ando totalmente o uso de materiais de origem animal. No entanto, o couro animal ainda é muito utilizado em roupas e principalmente em calçados, com o argumento de que é o aproveitamento das peles dos animais que são usados para o consumo da carne.

Além de todos os impactos ambientais do tratamento do couro, existe o impacto da criação artificial de animais para o consumo da carne e das peles (o desmatamento de extensas áreas, o grande consumo de água, o gás metano, entre outros). Ou seja, o uso de animais, seja para alimentação, vestuário, trabalho e experimentação, não é sustentável nem ético ambientalmente.

O fenômeno da moda para o vestuário surgiu no final da Idade Média com as grandes navegações e a troca de produtos entre os diferentes povos. Atualmente, a moda está relacionada com o novo, com o efêmero, com mudanças cada vez mais rápidas nos produtos. Com o estímulo da publicidade, há uma busca frenética pela novidade e, como consequência, tem-se aumento do consumo. Esse sistema da moda sem medir as consequências tem grandes impactos ambientais que foram ignorados durante muito tempo.

Entre os exemplos, pode-se citar o uso das penas púrpuras de reflexos ondulados da íbis, uma ave pernalta do vale do Nilo, para enfeitar os chapéus que estavam na moda, durante a Belle Époque, no final do século XIX. Naturalmente ignoraram que o pássaro pertencia a uma cadeia alimentar que existe há muito tempo: a íbis se alimenta de pequenos répteis, cuja alimentação é composta por batráquios, que, por sua vez, comem gafanhotos. É possível que eles não imaginassem que, querendo satisfazer uma tendência da moda da época, utilizando essas penas, provocariam a fome no Egito. Com a perseguição da íbis, cresceu a população de répteis. Os répteis devoravam as rãs, deixando os gafanhotos sem predador: os insetos vão destruir as plantações de cereais e espalhar a miséria entre os camponeses [1].

Esse exemplo ilustra a complexidade das interações entre o homem, os objetos produzidos por ele e a natureza. É o que Capra define como uma teia interconexa de relações [2] quando se refere ao modo como deve ser vista a natureza. Tudo está interligado.

Assim, se as tendências de moda, por sua vez, indicarem o uso de materiais orgânicos, reciclados, reaproveitados, menos poluentes, contrárias ao uso de peles de animais, entre outros, haverá uma contribuição significativa para reorientar a produção, os serviços e o consumo de moda.

Esta tendência ecológica para a moda não é apenas uma suposição. Ela já foi lançada e pode ser observada nas coleções de grandes estilistas internacionais que influenciam a moda em todo o mundo. Roupas feitas com fibras naturais e materiais reciclados ganham terreno na Itália. Gigantes da moda, como Giorgio Armani, se somam à tendência. O respeito pelo meio ambiente por meio da utilização de fibras e tintas naturais, da reciclagem de resíduos, do reuso de roupas e do não uso de peles de animais, são a base da moda ecológica que pouco a pouco ganha terreno entre os consumidores e estilistas na Itália e em outros países.

A estilista inglesa Vivienne Westwood, considerada uma das precursoras do punk e uma das designers mais influentes do século XX, fez um apelo para que as pessoas consumam menos e façam melhor suas escolhas de compra. A estilista de 67 anos, que lançou em São Paulo, em janeiro de 2008 durante a SPFW [3], duas sandálias de plástico em parceria com uma empresa brasileira, rebate as críticas de quem a chama de “hipócrita” por seu discurso anticonsumista, já que ela mesma produz coleções veneradas pelo mundo fashion. Segundo Westwood, hipócritas são as pessoas que têm dinheiro e se vestem como pobres. Eles deveriam comprar roupas bacanas, mas não muitas. Para ela, as pessoas devem selecionar mais e não serem engolidas por tudo o que se propõe. São privilegiadas porque podem escolher as roupas, mas devem escolhê-las melhor. Ela afirmou ainda que gostaria de produzir menos. “Eu realmente estou cansada de fazer tanto. Prefiro muito, muito fazer menos e fazê-lo muito bem. Só preciso descobrir como [4].”

Descobrir como fazer uma moda “ética”, mais adequada ao contexto do desenvolvimento ambientalmente sustentável é o grande desafio do design de moda na era pós-moderna. A reutilização de tecidos, a vintage, os tecidos reciclados e orgânicos, a troca de roupas e o aluguel, são opções na busca por uma moda mais ética.

[1] KAZAZIAN, 2005, p. 10.
[2] CAPRA, 1996.
[3] São Paulo Fashion Week, janeiro de 2008
[4] http://oglobo.globo.com/cultura/mat/ Acesso em: 17/01/2008

Fonte: ANDA

abril 16, 2009

Parlamento e Conselho Europeus chegam a acordo sobre elementos para nova Directiva de Interdição de Testes de Cosméticos em Animais prevista a partir de 2009 na UE

41

«A experimentação de cosméticos em animais deverá ser uma prática interdita a partir de 2009 na União Europeia (UE). É esse o objectivo do acordo alcançado entre o Parlamento e o Conselho europeus sobre alguns dos pontos mais importantes, que ainda estão em discussão e que deverão fazer parte da directiva que irá proibir a realização de testes de produtos de cosmética em animais.

A directiva de cosméticos, que deverá alterar a legislação de 1976, prevê a interdição da prática de experimentações animais para ingredientes ou combinações de ingredientes utilizados na indústria de cosmética, quando existem métodos alternativos de teste válidos.

Em comunicado, a presidência dinamarquesa da União Europeia avança ainda que as alternativas à experimentação de cosméticos em animais serão desenvolvidas durante o processo de transição até à interdição total.

A mesma directiva deverá também determinar que nenhum produto ou novo ingrediente cosmético experimentado em animais seja comercializado logo que métodos satisfatórios de substituição do processo sejam criados, num prazo máximo de seis anos após a adopção do texto final.

O atraso da interdição relativa à experimentação animal poderá elevar-se para dez anos em casos onde não existam ainda métodos alternativos viáveis.

Para o ministro do Ambiente dinamarquês, Hans Christian Schmidt, a "interdição da experimentação de produtos cosméticos em animais é uma grande vitória para o bem-estar animal".

Porém, o responsável alerta para outro problema: a importação para a União Europeia de produtos testados de países que não pertençam aos Quinze. Para tal, Schmidt considera ser necessário "um acordo para a proibição de comercialização" entre os Estados-membros e países terceiros.

"O compromisso é equilibrado, mas permanecem ainda situações por regulamentar", sublinharam, por outro lado, o porta-voz parlamentar, Dagmar Roth-Berendt, e o vice-presidente do Parlamento Europeu, Giorgios Dimitrakopoulos.

Outro dos pontos acordados entre o Parlamento e o Conselho europeus, que deverá fazer parte da directiva em discussão, é o acesso alargado ao público de informações sobre o ambiente, nomeadamente através da Internet.

"Sempre que as autoridades [de cada país] se recusem a avançar com um documento, devem justificar a sua decisão em função das excepções que permitem o seu direito ao segredo", esclarece Charlotte Cederschivld, a também vice-presidente do Parlamento Europeu.

A presidência dinamarquesa da UE salienta ainda que esta legislação constituiu "uma etapa importante" com vista à ratificação pelos Quinze da convenção de Aarhus sobre a informação e a participação do público nas políticas ambientais, que entrou em vigor em Outubro de 2001.»

In Público.pt \ AFP
42